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Fundo árabe investirá pesado para tirar usinas de MS do "buraco"


Sheiks do petróleo assumirão o controle parcial de duas usinas que estão em recuperação judicial e previsão é elevar a produção em até 40%

Com investimento milionário, o fundo de investimentos Mubadala Capital, com sede em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, promete tirar do buraco e aumentar a produção de usinas de açúcar e álcool que estão em recuperação judicial faz anos em Mato Grosso do Sul.

Eles prometem aporte de R$ 500 milhões na Atvos nos próximos meses, enquanto a própria companhia anunciou recentemente investimentos de R$ 3 bilhões de reais em três usinas no Estado nos próximos três anos.

Um dos alvos dos sheiks do petróleo, que investirão na produção de etanol, é a usina Santa Luzia, instalada desde 2007 em Nova Alvorada do Sul, às margens da BR-267.

Embora esteja em recuperação judicial desde 2019, a empresa conseguiu fechar a última safra, entre abril de 2022 a março de 2023, no azul, obtendo lucro líquido de 128,9 milhões, conforme o balanço publicado nesta terça-feira (22), o primeiro depois o FIP Agroenergia entrou no negócio do etanol e açúcar aqui no Estado.

O saldo, porém, é 41% (R$ 90 milhões de reais) menor que na safra anterior, quando a empresa havia obtido lucro líquido de R$ 219 milhões.

Em janeiro de 2023, foi anunciado que o FIP Agroenergia assumiu o controle da Atvos para criar as condições acordadas para que o fundo de investimentos dos Emirados Árabes assuma 31,5% da fatia acionária da companhia e possa injetar R$ 500 milhões nas operações da empresa, principalmente na produção agrícola. Com o dinheiro, além de colocar as contas em dia, promete elevar em cerca de 40% a produção.

Na última safra a usina processou 4 milhões de toneladas de cana e agora, com o dinheiro novo, a meta é chegar à capacidade máxima e produzir 5,5 milhões de toneladas por ano.

Ainda de acordo com o balanço divulgado nesta terça-feira, boa parte das dívidas que levaram a usina, que até então era controlada pela Odebrecht, a pedir recuperação judicial, já começaram a ser pagas ou estão parceladas e com previsão de pagamento acordadas.

 

ELDORADO

Outra usina que era controlada pela Odebrecht e que passará parcialmente às mãos do fundo de investimentos dos árabes que controlam o Mubadala Capital, é a usina Eldorado, instalada no município de Rio Brilhante, às margens da MS-145, rodovia que liba a BR-267 à cidade de Deodápolis.

Ao contrário da Santa Luzia, a usina Eldorado, criada há duas décadas, fechou o ano no vermelho, com prejuízo de R$ 13,4 milhões. Na safra anterior, o saldo havia sido positivo, de R$ 38 milhões, conforme números tornados públicos nesta terça-feira.

A usina também está em recuperação judicial desde 2019, por causa das dívidas que foram negociadas e já estão sendo pagas.

Com este dinheiro, a previsão é de que nas próximas safras ela passe a operar em sua capacidade máxima, que é de 4,1 milhões de toneladas por ano. Na última safra foram processadas 3,1 milhões e na anterior, 2,8 milhões.

Então, para alcançar a meta, a produção da empresa teria que aumentar 33% na comparação do a última colheita.

No balanço divulgado nesta terça-feira o novo controlador garante que “dará continuidade ao plano de negócios do Grupo Atvos, buscando aumentar seus níveis de produtividade, de forma a gerar mais sustentabilidade e valor para os acionistas, clientes, parceiros, colaboradores e demais públicos de interesse do Grupo”.

Ainda conforme a análise dos auditores que assinam os dados da empresa, a transição de controle acionário “é um marco, pois coloca um ponto final sobre qualquer conflito societário e consolida a sustentabilidade do negócio em direção ao encerramento do seu processo de recuperação judicial”.

Em Mato Grosso do Sul o conglomerado controla ainda a usina de Costa Rica, cujo balanço não foi publicado. A usina também está em recuperação judicial e era controlada pelo grupo Odebrecht. (Texto enviado por Gabriela Conde pedindo republicação).

 

 

 


Fonte: Gabriela Conde